A GRANDE MÃE

Diante das cavernas, à luz pálida do luar, os homens dos princípios dos tempos se reuniam reverentes, acendiam  fogueiras e cultuavam a Grande Mãe Terra. Encontravam nela proteção, alimento e amor. 
 
 Durante centenas de milênios, muitas civilizações vieram e passaram...De algumas restam poucas e desgastados monumentos, de outras, ligeiras lembranças escondidas em lendas e mitos...Porém, da grande maioria só chegou  até nós vagas memórias genéticas, passadas de pai para filho como um grande eco a ressonar nas regiões mais profundas do inconsciente.

 
Cada uma dessas culturas teve seu meio próprio de expressão, sua forma específica de ser, seus objetivos, sua cultura, seu sistema de vida. Mas em todas elas o  culto a Mãe Terra se manteve presente, por mais diferentes nomes fosse ela conhecida: GAIA, TEIA, PACHAMONA, BABALON, ISIS, MÃE MARIA, ISHTAR, INANNA, CIBELE,ETC.


Algumas vezes, como na Idade Média,  seus cultuadores foram seriamente perseguidos, presos e massacrados. Mas talvez por ser uma erva que acha sempre um meio de nascer e vir à luz do Sol, mesmo que seja num pátio asfaltado de estacionamento de um supermercado,  o culto a Grande Mãe nunca morreu completamente, voltando sempre e sempre... 

Trazendo consigo uma mensagem de aceitação, renovação e crescimento, muitas vezes é confundido como um culto feminino, pois ele trás em si o poder do recolhimento silencioso, da gestação materna,da criação da nova vida e do cuidado amoroso  durante o crescimento, entregando confiante ao  mundo o fruto do seu ventre, até que um dia venha à tomá-lo em seu seio, para o longo sono do imortais.

 

Na  era neolítica a figura central de toda mitologia e adoração era a generosa Deusa Terra como a mãe nutridora  da vida, receptora dos mortos para renascerem. No primeiro período do seu culto (talvez 7.500-3.500 A.C no Levante) esta deusa foi considerada como a padroeira da fertilidade. Mas ela certamente era  muito mais do que isso.  A cultura "matrifocal" era sedentária, a amante  das artes, uma cultura ligada à terra e ao mar. Floresceu na Suméria(Inanna); na Assíria(Istar); no Egito(Ísis); na Ásia Menor(Cibele) e na Grécia e Roma( Demeter).
 

Mas as deusas não  foram completamente suprimidas, mas incorporadas à  religião bélica dos conquistadores. A Grande Mãe tornou-se consorte serviçal dos deuses invasores. Os atributos e o poder que originalmente pertenciam a divindade feminina foram desapropriados à divindade masculina.

 
Com a chegada dos invasores e o  subsequente matrimonio dos seus deuses patriarcais com a GRANDE DEUSA, deu-se a fragmentação da psique feminina, representado por vários de seus estereótipos: Atenas, a deusa guerreira;  Artemis, a deusa da caça; Pérsefone, a deusa dos mortos; Afrodite, a deusa do  amor; Hera, a deusa do poder e Deméter, a mãe de todos nós.

Cada uma representa uma parte importante da vida da mulher, mas o importante mesmo é a harmonia entre as várias qualidades das deusas: não permitir que só  uma ou duas  deusas dominem a sua personalidade, mas trabalhar para o equilíbrio  entre seus vários arquétipos.

ORAÇÃO DA GRANDE MÃE
A sua Arte, Senhora, veio à luz
Quem poderá escapar do seu poder
Sua forma é um eterno mistério;
Sua presença paira
Sobre as terras quentes
Os mares te obedecem.
As tempestades se acalmam.
A sua vontade detém o dilúvio.
E Eu, tua pequena criatura,
Faço a saudação
Minha Grande Rainha,
Minha Grande Mãe!