8 de set. de 2010

A PAPISA JOANA


A muito tempo a Igreja tenta negar a existência da papisa Joana, a mulher que ocupou o trono do papa, mas  as evidências não deixam dúvidas que existiu mesmo uma mulher que ocupou o trono papal.


Joana nasceu em 914,  séc. IX, no peródo conhecido como Idade das Trevas, uma época brutal, de ignorância, miséria e superstição sem precedentes.


Os países europeus como os conhecemos  não existiam, nem tão pouco seus idiomas, mas somente dialetos locais, sendo a língua culta o latim.


A vida nesses tempos conturbados, depois da morte de Carlos Magno, era um caos só, com a economia falida, guerras civis e invasões dos vickings e sarracenos.


Principalmente para as mulheres, que não tinham quaisquer direitos legais ou de propriedades. A lei permitia que os maridos batessem nelas e as estrupassem e uma mulher letrada era considerada não só uma aberração  como um perigo.


Procurando fugir deste destino, Joana, que era muito inteligente  e havia aprendido a ler escondido com seu irmão mais velho, logo percebeu que naquele mundo não havia lugar para ela, pois era uma sociedade só de homens, todos os direitos estavam com eles e eram para eles.


Assim sendo, resolveu disfarçar-se corajosamente de rapaz quando adolescente, e ingressou num convento beneditino, sob o nome de "irmão" João Ânglico. Foi assim que se  destacou como erudito e médico, chegando a tornar-se médica do próprio papa.


Morreu ao dar a luz quando presidia uma procissão solene pelas ruas de Roma. À partir daí os relatos divergem: segundo alguns teria morrido apedrejada pela multidão indignada; para outros foi encerrada, juntamente com seu filho no castelo papal, até o fim de seus dias. E para outros tanto ela como a criança morreram no parto.


Ao longo dos séculos muitos negam sua existência, contudo é considerável o número de documentos que atestam sua passagem pelo trono papal.


Mas mais importante é que numerosas mulheres que queriam ter uma vida digna, tiveram de se disfarçar de homem, por não ter direito algum.


No séc. III, Eugênia, filha do prefeito de Alexandria, ingressou num monastério disfarçada de  homem, e chegou a alcançar a posição de abade. O disfarce só acabou sendo descoberto porque ela foi obrigada a revelar o seu sexo como último recurso  para refutar a acusação de ter deflorado uma virgem.


No séc. XII, santa  Hildegunda, sob o nome de José, tornou-se monge na Abadia de Schonau e viveu entre os irmãos sem ser descoberta até sua morte, muitos anos depois.


Exemplos mais modernos de mulheres que se fizeram passar por homens:
1-Mary Reade, que viveu como pirata no ínício do séc.  XVIII;
 
2-Hannah Snell, soldado e marinheiro na marinha britânica;
 
3-uma  mulher do séc. XIX de nome desconhecido que, sob o  pseudômino de James Barry, ascendeu ao cargo de inspetor-geral dos hospitais britânicos;

4-Loreta  Janeta Velasquez, que lutou ao lado dos confederados na batalha de Bull Run, sob o nome de Harry Buford;

5-Recentermente, Terezinha Gomes de Lisboa, fez-se passar por homem durante dezoito anos; soldado altamente condecorado, ela alcançou a patente de general no exército português e foi descoberta apenas em 1994, ao ser presa por acusações de fraude financeira e forçada pela polícia a se submeter a um exame médico.