27 de dez. de 2010

A MISOGENIA E A MULHER


Misogenia é o ódio à mulher. São homens que odeiam e repelem o sexo feminino. É simples aversão a tudo que é feminino.
 
"Tudo que os homens escreveram sobre as mulheres deve ser suspeito, pois eles são, a um só tempo, juiz e parte".                                Toulain de la Barre.

Devemos lembrar que os livros sagrados eram o Direito para os povos antigos, que neles acreditavam, isto é, eram a sua lei. Esses povos pensavam e agiam segundo seus ditames.


Em algumas sociedades antigas a mulher era venerada. Mas com o advento da sociedade patriarcal, a mulher passou a ser acusada pelo sexo oposto de ter introduzido o pecado, a desgraça e a morte na terra. A Eva judaica seria responsável pelo pecado original, pelo desaparecimento do paraíso terrestre. 

Desde os primórdios do cristianismo a mulher já era considerada sinônimo de perdição pelos líderes da Igreja. A sexualidade era pecado, a virgindade era exaltada.Já dizia Santo Agostinho "o  corpo humano possui uma alma humana assexuada e um corpo assexuado".
 
A Idade Média Cristã aumentou a misogenia. A Virgem Maria foi colocada num pedestal, mas teve sua sexualidade desvalorizada.
 
As ordens mendicantes, no sec. XIII, propagaram uma onda de misogenia , que no sec. XVI, tem seu impacto aumentado pela reforma protestante. Os  clérigos, presos à castidade tinham receio do sexo feminino, escrevendo sobre esse perigos e esses escritos oprimiam e hostizavam a mulher.
 
Havia uma guerra santa contra a aliada do diabo. Muitos discursos foram proferidos para confirmar  a inferioridade da muher, com base na Bíblia.

 
O discurso médico fala da inferioridade física e biológica das mulheres. O discurso jurídico procurava  apoio na medicina e na Igreja. Através disso criavam leis que aumentavam as misogenia, criando várias interdições à mulher, que não possuia poder jurídico, não podia exercer a medicina, a magistratura, etc, e o homem era o cabeça do casal.
 


Vamos colocar alguns exemplos da sistematização de textos sagrados e de  Direito ao longo dos tempos:
  1. Direito Familiar da Suméria(2465-2347 a.C.):   "Se a mulher odeia seu marido e diz:''Tu não és meu marido' será atirada ao rio".
  2. Código de Hamurabi(1730-1636 a.C.), rei da Babilônia. Seu codigo era considerado de inspiração divina.  "o marido tem certos direitos sobre a mulher...Pode submetê-la à servidão na casa de seu credor...Se uma mulher desatende o seu marido, ele pode escolher entre repudiá-la perante o tribunal, uma indenização ou declara ao juiz que não a quer repudiar, ficando então como escrava".
  3. Bíblia (720 a.C.) "Quando um homem toma uma mulher e se casa com ela, e então não achar graça em seus olhos, por nela encontrar coisa indecente, far-lhe-ás uma carta de repúdio, e lhe dará na sua mão, e a despedirá de sua casa".
  4. Tertuliano, um dos pais da Igreja: "Sois a porta do inferno...Sois aquela que persuadiu aquele que o diabo não ousava atacar...Sabereis que sois cada uma de vós uma Eva? A sentença de Deus sobre vosso sexo subsiste nesta época: a culpa, necessariamente, subsiste também".
  5. Confúcio(551-474 a.C.)  "O marido tem o direito de matar a mulher. Quando uma mulher fica viúva deve cometer suicídio como prova de castidade"
  6. Paulo, o apóstolo: "Durante as assembléias as mulheres devem permanecer em silêncio, com toda a  submissão. Não permito que a mulher ensine , ou domine seu marido".
  7. Martinho Lutero(1483-1546): "Que há por aí,  homem ou Deus, capaz de sustentar que a mulher pertence ao gênero humano?"

  8. Cod. Civil Napoleão: "A natureza fez das mulheres nossas escravas; o marido tem o direito de dizer à sua mulher: Não sairás de casa! Não irás ao teatro! Não te encontrarás com esta ou aquela pessoa! Quer dizer teu corpo  e tua alma  me pertencem".

Esses são apenas alguns exemplos, mas essa forma de sexismo persiste até os dias atuais, e mais comum do que parece à primeira vista, porque as mulheres estão tão acostumadas  a que as desprezem ou inviabilizem que não se dão conta das muitas formas diferentes como negam a sua dignidade e pertinência ao gênero humano ou, pior ainda, como negam a sua própria existência.

Ainda hoje basta abrir qualquer jornal  ou mesmo escutar variados tipos de "música" para ver como a mulher é desprezada. E o pior é que as mulheres ainda saem por aí cantando as ditas "músicas", como se fosse  uma exaltação ao sexo feminino...